[vc_row][vc_column width=”1/1″][vc_column_text]No auge de sua glória, o Império Romano era um lugar onde as pessoas morriam aos 30 anos, em média. Na França do século 5 d.C., a expectativa de vida continuava desse jeito, e nada menos que 45% das crianças morriam durante o parto. No Rio de Janeiro, em 1850, epidemias se espalhavam com uma velocidade assustadora. Tudo isso mudou radicalmente a partir do século 20, quando a expectativa de vida cresceu sem paralelo nos 5 mil anos de história do homem moderno – só nos últimos 100 anos, esse índice cresceu 145%. Hoje, um brasileiro já vive, em média, mais de 70 anos.
Em 1900, as pessoas da Europa desenvolvida morriam com 45 anos. Hoje, a média já chega a 80 anos em vários países. E esse crescimento continua. Segundo dados mais recentes da ONU (Organização das Nações Unidas), uma pessoa que nasceu em 1950 tinha, em média, 46,5 anos de vida pela frente. Um neto nascido em 2000 deverá viver 65 anos. O neto do neto, que venha ao mundo em 2050, vai morrer aos 75,1 anos.
Os pesquisadores apontam duas causas principais para esse fenômeno. Em primeiro lugar, as condições alimentares e sanitárias melhoraram muito, o que diminuiu o alcance das epidemias. Desde a Pré-História o homem toma banho, mas a falta de saneamento e de hábitos de higiene continuou fazendo estragos – no século 14, a peste negra, transmitida por ratos, matou um terço dos europeus. Sabonete, por exemplo, só deixou de ser coisa de rico em 1791, quando o químico francês Nicholas Leblanc descobriu um método eficiente e barato para fabricar sabão.

Avanços da Medicina

Além disso, a medicina avançou tremendamente nas últimas décadas, inclusive no cuidado com a higiene. Por exemplo: em 1848, o médico húngaro Ignez Semmelweis percebeu que o ato de lavar as mãos em uma solução de cloro antes de fazer um parto já era suficiente para reduzir a mortalidade materna. Pois a pesquisa do doutor Semmelweis não foi bem aceita, e ele acabou morrendo sem que sua sugestão fosse levada a sério. Foi preciso que o francês Louis Pasteur (1822-1895) comprovasse que os germes podem causar inúmeras doenças para que a higiene na medicina fosse mais valorizada – e olha que isso só aconteceu há 150 anos.
Desde então, a ciência não se cansa de impulsionar a longevidade. Na década de 50, os pesquisadores descobriram os radicais livres, moléculas que provocam o envelhecimento das células. No ano passado, cientistas de San Diego, nos Estados Unidos, identificaram um gene ligado ao envelhecimento. É o PHA-4, que reduz a capacidade da insulina de promover o ingresso de glicose nas células. Menos glicose significa mais tempo de vida, diz o estudo. É um possível caminho para uma vida ainda mais longa.

E o check up ? Onde entra nessa história ?

O aumento da expectativa de vida gera um aumento progressivo na incidência e na prevalência de doenças cardiovasculares e neoplásicas que são as causas mais comuns de óbito no Brasil. Quanto mais nós vivemos mais provável se torna ter um câncer ou uma doença cardiovascular A maioria das pessoas acredita que fazer um check-up é apenas se submeter a uma bateria de exames laboratoriais e de imagem. Por mais sofisticados, caros e precisos que sejam, os exames fazem parte do check-up, mas não são o check-up em si. O check-up é uma avaliação da saúde do indivíduo de acordo com o sexo e a idade e a relação dele com hábitos, antecedentes e características individuais, familiares, ambientais e profissionais.

Trata-se de uma avaliação médica ampla, que pressupõe a abordagem pelo especialista dos diversos aspectos da saúde mental e física do paciente nas diferentes etapas da vida dele.

Esse conjunto de exames que se popularizou nos anos 60, derivado da intensa investigação médica a que se submetiam os astronautas americanos, desenvolveu-se a tal ponto que se transformou na principal arma de prevenção de várias doenças. A tecnologia hoje disponível permite aos médicos não só identificar com precisão a origem de sintomas como também antecipar a descoberta de certas moléstias. A nova filosofia do check-up, no entanto, descarta a prescrição aleatória de dezenas de testes. Em vez de uma série completíssima, os médicos preferem cada vez mais pedir o check-up personalizado, com base num exame clínico minucioso, na faixa etária do paciente e numa consulta prévia que levanta seu histórico de saúde familiar e hábitos de vida. Esse procedimento, dizem eles, tem a vantagem de fechar diagnósticos mais rapidamente. O check-up completo é, atualmente, mais utilizado pelas grandes empresas, que oferecem a seus funcionários graduados exames periódicos a partir dos 40 anos. Não é uma benemerência. As doenças de empregados costumam sair caro, na forma de licenças, faltas ao trabalho e aposentadorias prematuras. A prevenção, aqui, é uma forma de economizar nos custos.

Nos últimos vinte anos, os exames se tornaram menos invasivos e incrivelmente mais precisos. Para se ter uma idéia, na década de 80 a osteoporose (descalcificação dos ossos que afeta principalmente mulheres após a menopausa) só era detectável por radiografia, quando a perda de massa óssea já estava acima de 30%. Os aparelhos de última geração conseguem verificar perdas de até 2%, o que possibilita minimizar os efeitos futuros da doença. No que se refere ao coração, até o trivial se sofisticou. Os testes de medição dos níveis de colesterol no sangue estão bem mais apurados. Isso é importante porque basta uma ligeira alteração na concentração dessa substância para que o risco de infarto aumente exponencialmente. Há novos exames sanguíneos que dosam a presença de uma proteína chamada PCR, cujo excesso é pernicioso à saúde cardíaca. No plano das máquinas, são de uso corriqueiro aquelas que parecem colocar o médico dentro do corpo do paciente. Elas vasculham o interior das artérias, revelando a existência de lesões ou de placas de gordura. A cintigrafia do miocárdio, por exemplo, permite que os médicos contemplem em uma tela de computador a irrigação sanguínea do coração, como se estivessem assistindo a um filme. Dessa forma, flagram obstruções arteriais minúsculas e, assim, evitam que o paciente sofra um ataque. Nos Estados Unidos, já existem tomógrafos computadorizados que fornecem imagens tridimensionais do coração. É como se o cardiologista tivesse o órgão em suas mãos. Graças à tecnologia, na última década os infartos fatais em homens e mulheres entre 40 e 59 anos tiveram uma diminuição da ordem de 10% – uma cifra respeitável, levando-se em conta que a doença costuma ceifar centenas de milhares de vidas a cada ano.

No que diz respeito ao câncer, os resultados são ainda mais significativos. Na última década, com a disseminação das mamografias de alta definição, que surpreendem tumores de até meio milímetro, as mortes por câncer de mama foram reduzidas em 30%. As antigas radiografias não eram capazes de detectar nódulos com menos de 1 centímetro. Deve chegar em breve aos hospitais de ponta brasileiros uma tecnologia que se encontra em testes finais entre os americanos: a mamografia digital. A novidade promete melhorar a detecção de microcalcificações no tecido mamário – concentrações de células cancerosas que chegam a ter o tamanho de um grão de areia. As grandes beneficiárias da mamografia digital serão as mulheres jovens, com menos de 35 anos. Como o tecido mamário delas é mais denso, o raio X tradicional deixa escapar até 25% dos nódulos malignos. Microcalcificações, então, são impossíveis de ser vistas. O novo exame promete uma revolução. As imagens captadas pela máquina são armazenadas em um computador, para ser manipuladas pelo médico. Dessa maneira, ele pode ampliar detalhes e comparar porções de tecidos, na busca de um diagnóstico mais certeiro e precoce. Se encontradas, as microcalcificações são extirpadas por meio de punções. As mamas mantêm-se completamente preservadas.

Desse modo, torna-se imprescindível o acompanhamento médico regular e a realização do check up como forma de prevenção e tratamento precoce das doenças do terceiro milênio.

Fonte: Dr.Rafael Shamá Clínico Geral na Barra da Tijuca[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]